É comum as pessoas confundirem o trabalho dos exús e das pombas-giras na Umbanda. Estas entidades são não raramente confundidas com demônios, espíritos malignos e de vibração inferior. Ao ver uma gira de esquerda, muitos que ainda não conhecem o verdadeiro poder dessas entidades se assustam com as feições, risadas e maneira de falar dos fortes guias de esquerda.

Como disse uma mãe-de-santo muito conceituada: "Não é o exú ou a pomba-gira que são maus. O ser humano é que é."

Sabias palavras, pois o exú ou a pomba-gira não agem sozinhos. A maldade do ser humano é quem pode dar a direção errada a estes espíritos, e então são confundidos com entidades do mal. Um médium despreparado ou mal intencionado pode conduzir as forças não só dessas entidades como de muitos outros espíritos que nos cercam para realizar coisas ruins.

O exú e a pomba-gira são espíritos em busca de evolução, compromissados com a espiritualidade superior. Os médiuns bem preparados são um ótimo caminho para que as entidades de esquerda trabalhem, aprendam e pratiquem a caridade de forma correta, alinhada, com a única vontade de fazer o bem ao próximo.

São entidades de muita força, geralmente ligadas às forças básicas. Quem já passou por uma gira de esquerda sabe que um descarrego feito por um exú é como "tirar com as mãos" aquela sensação pesada das nossas costas.

Encarregados de transportar as forças, essas entidades são simples no falar e no agir. Muitas vezes são tão diretas que nos assustam ao falar. Algumas vezes, ouvimos coisas que não queremos ouvir, mas suas mensagens são apropriadas para o momento e devemos refletir sobre o que nos disseram.

A imagem associada às entidades que fumam e bebem, dançam e giram e por vezes soltam suas risadas não significa que essas entidades são zombeteiras e que procuram fazer o mal. A bebida e o fumo são fetiches, catalizadores da energia espiritual dessas entidades em nosso mundo, fazendo o seu trabalho através de coisas materiais, assim como qualquer entidade usa o corpo do seu médium para trabalhar. Vale lembrar que isto não é uma regra: Nem todo exú ou pomba-gira fuma ou bebe. Isso não os faz menos poderosos. Cada entidade tem sua forma de trabalhar, que deve ser respeitada.

Muitos confundem exús e pombas-giras com obsessores. Estes espíritos não podem e não devem ser classificados como exús. Geralmente, a própria pessoa que está com este tipo de perturbação é que dá vazão para a aproximação de espíritos inferiores, que drenam sua energia com base nas suas tristezas, vícios, raiva, ódio, sentimentos inferiores. Antes de colocar a culpa das perturbações em um espírito, as pessoas devem avaliar-se primeiro, suas condutas, seus pensamentos, seus desejos.

No veio dos pensamentos de cada um temos pensamentos bons e pensamentos ruins. É natural do nosso livre arbítrio. Cabe a nós, a cada dia, a cada momento, decidir o que queremos ser, o que queremos seguir. Dar vazão aos pensamentos bons nos faz agir de forma boa, positiva. Com isso, atraímos forças boas que a cada dia vão nos abençoar e nos iluminar, gerando um ciclo de aproximação de bons espíritos, mostrando um caminho de luz e paz.

Se nos voltarmos ao nosso lado escuro, os pensamentos ruins, o ódio, raiva, ciúmes, rancor, estamos atraindo energias similares. Estas vão criar uma aura ao nosso redor com as energias similares à que estamos vibrando. Cabe a cada indivíduo escolher o caminho que deseja seguir.

Ao procurar um descarrego, a pessoa deve ter em mente que o trabalho não começa e nem termina ali. O exú fará a limpeza, levará o que puder levar e com certeza a pessoa sentirá uma melhora imediata. Mas isso não significa que está tudo bem e que podemos voltar a nossa vida de pensamentos ruins.

Se não pensarmos positivamente e atrair energias boas, não será em muito tempo que as sensações de perturbação voltarão e muitos vão pensar que o descarrego "não deu certo". Certamente, a entidade fez a parte dela. Falta fazermos a nossa.

Na Umbanda não se sacrificam animais. Esta prática não é da nossa religião e não está afinada com o objetivo dos trabalhos. Nenhuma entidade de esquerda na Umbanda vai pedir um sacrifício de um ser vivo.

Nem Exú nem a Pomba-Gira fazem amarrações para o amor. Não prometem que vão trazer a pessoa amada em determinado número de dias. O respeito ao livre arbítrio é uma condição celestial e nenhuma entidade da Umbanda está autorizada a interferir nas escolhas de outrem para o benefício de um.

Claro, se você tem problemas sentimentais, dificuldade para encontrar um relacionamento ou estabelecer relações, você pode pedir ajuda! Uma Pomba-Gira certamente ficará honrada em trazer sua luz para seu caminho, energizando e abrindo caminho para que você encontre o seu caminho, na forma de seu merecimento.

Não tenha vergonha de pedir ajuda. O primeiro passo para conseguir o que você precisa é reconhecer que precisa disso, e que ajuda é bem-vinda. Procure seu centro de confiança, avalie, pergunte, e converse com os guias que você gosta. Eles poderão te orientar e iluminar seus caminhos para que seus anseios sejam resolvidos.

Lembre-se que nem tudo que desejamos podemos ter. Na Umbanda (e não só nela), vale a lei do merecimento. Alguns desejos estão além do que podemos ter no momento, e é sábio aquele que reconhece que alguns fardos são para nosso próprio aprendizado. Quanto mais rápido aprendermos, mais rápido passamos para o próximo passo.

Com isso, saúdo os Exús e as Pombas-Giras na sua formosidade, simplicidade e dedicação para ajudar nós, os seres humanos, a alcançar mais um nível na compreensão universal e seguirmos em paz pelo nosso caminho.