Além dos bastante conhecidos caboclos, pretos-velhos e crianças, na Umbanda se conhece uma série de outros guias, cada qual com suas origens e peculiaridades. É interessante observar que alguns médiuns incorporam todas as linhas. Outros, apenas algumas (as que sentem afinidade).

As linhas de Umbanda variam de acordo com o padrão vibratório da gira. Em uma gira, normalmente as incorporações são homogêneas, ou seja, todos os médiuns costumam incorporar entidades as quais estão sendo chamadas, ou seja, em uma gira de caboclos, normalmente não se vê incorporar um baiano.

Os Caboclos
São os índios brasileiros, que habitavam nosso país antes da chegada dos colonizadores. Eram sociedades fechadas que viviam em tribos. Diferente da nossa realidade hoje, a figura da posse nessas tribos era praticamente inexistente. Tudo era compartilhado entre todos. Eram sociedades simples e puras.
Os caboclos caracterizam-se por sua postura ereta, força e coragem. Sábios na magia natural, conhecem bem os segredos da natureza. É comum ao incorporar, que os caboclos emitam seus gritos típicos, alguns parecendo pássaros, outros em linguagem indígena, outros lembrando animais. É a comunicação e saudação do povo da mata. Os gritos de guerra também servem para afastar as energias ruins, purificando e iluminando os seres da terra.

Os Pretos-Velhos
Amplamente conhecidos na Umbanda, diz-se da origem dos velinhos os povos africanos que foram trazidos para o Brasil à força para trabalharem como escravos. Eram forçados a trabalhar de sol à sol em diversas atividades, muitas vezes humilhados, feridos e mal-tratados.
Apesar de todas as dificuldades, nunca deixaram sua fé de lado, sempre lutando pela vida. Na capacidade dessas entidades em perdoar seus algozes, nasce a tremenda força caridosa dos pretos-velhos.
A figura dos velhos feiticeiros conhecedores de rezas e de encantamentos poderosos, capazes de realizar milagres, foi o arquétipo ideal para atrair para a religião nascente milhares desses espíritos.
Podemos dizer que os pretos-velhos têm como características principais a humildade, caridade e sabedoria. São ótimos conselheiros e muito carinhosos, bem como excelentes feiticeiros que podem realizar encantamentos de muita força.

As Crianças
As crianças nos surpreendem pela simplicidade, sinceridade, ternura e amor. Ao contrário do que se pode pensar, as crianças não são crianças desencarnadas com pouca idade. São arquétipos de pureza, sinceridade e amor incondicional que suportam os pilares desta linha na Umbanda.
Fundamentados na inocência, franqueza e ingenuidade, apóiam suas faculdades na figura da criança, ou seja, no ser infantil.
Podemos dizer que por trás dos arquétipos das crianças existe a força das mães e pais Orixás, que sustentam seus filhos, guardando-os e zelando por sua integridade.

Os Baianos
Com um artigo deste site dedicado exclusivamente para estas entidades, podemos dizer de forma simples que são os espíritos que alinham-se com as características do arquétipo nordestino. Os baianos são calmos, ótimos ouvintes, sempre alegres e felizes.
Dançando e sorrindo, a alegria do movimento transforma essa entidade em um fluxo contínuo de energia suave. São fortes e perseverantes, como o povo que representam.
São pacientes, mas não levam desaforo para casa. Trabalhadores e dedicados, fazem o possível para ajudar aqueles que procuram seu auxílio.

Os Boiadeiros
Espíritos que se manifestam formando a linha dos caboclos boiadeiros. Típicos da região sul do país, são valorosos, geralmente de poucas palavras, sisudos, mas de muita ação. São espíritos que, quando encarnados, eram tocadores de boiada, pastores, etc.
Laço e chicote são instrumentos de seus trabalhos mágicos, e eventualmente usam colares e pedras para trabalhar. É a figura do peão sertanejo, que entram para cortar e combater as magias negativas.
São espíritos que utilizam seus conhecimentos ocultos auxiliando as pessoas nas fazes difíceis de suas travessias pela evolução na matéria.
Diz-se que a maioria desses espíritos já foram exus, que por meio da evolução tornaram-se caboclos boiadeiros para continuar a prestar a caridade e evoluírem mais ainda.

Os Marinheiros
São espíritos que nas últimas encarnações viveram no mar, do mar ou para o mar. Alguns eram navegantes, outros pescadores, mas sempre de certa forma ligados ao mar. Alguns navegaram sobre o mar, outros foram arrastados para dentro dele e transportados para outro lugar, outros submergiram nas suas águas profundas. Podemos incluir também os povos ribeirinhos, ex-piratas, soldados marinheiros, etc.
Ser marinheiro na Umbanda é ajudar utilizando os recursos ocultos da força das águas. Ao se manifestarem, se movimentam como se estivessem em alto mar. Por estarem fortemente influenciados por Yemanjá, o magnetismo dela faz com que tenham esses movimentos de ondas do mar.
É comum vermos os marinheiros fazendo uso de bebidas alcoólicas (rum principalmente), pois caso contrário poderiam consumir muita energia do médium que os abriga. Assim como o álcool tira o equilíbrio das pessoas, aos marinheiros em terra firme, ajuda à equilibrá-los.
São simples, geralmente muito alegres, conversam bastante e dão sábios conselhos. São fortes e usam os poderes ocultos das marés para fazer seus trabalhos.

As Sereias
Essa entidade meio peixe, meio humana caracteriza-se pela afinidade com as águas. Geralmente, as sereias, quando incorporadas, não falam. Emitem um som característico que parece um canto, e entoam este mantra enquanto realizam seus trabalhos.
Longe da mitologia, estas entidades não visam atrair pessoas para o fundo do mar. Estes conceitos nasceram nas sociedades antigas com o uso do folclore da época.
Como principal característica das sereias, podemos dizer que esta entidade tem como principal função da limpeza. São extremamente fortes neste tipo de trabalho, arrastando para o fundo do mar todo o negativo e as forças em desequilíbrio.

Os Exús
Estas entidades não podem ser descritas em poucas linhas, já que são amplamente incompreendidas e muitas vezes temidas do modo errado. As entidades de esquerda são entidades em evolução, que estão dispostas a praticar a caridade para crescer na rede da evolução.
Os exús são na maioria das vezes responsáveis pelos descarregos, especialistas em transportar as energias ruins para lugares seguros. Trabalham muito próximo do padrão vibratório do ser humano, portanto é facilmente percebida a melhora depois de um descarrego com um exú.
Isso não os invalida como sábios conselheiros, porém, não costumam poupar seus ouvintes. Falam o que precisam falar, e muitas vezes pode causar alguns pequenos constrangimentos. Mas devemos ver esta situação como "o que precisamos ouvir", e refletirmos sobre o que nos foi falado.
São fortes representantes da matéria, e podem ajudar a abrir caminhos nas mais diversas áreas da vida.

A Pomba-Gira
Amplamente confundidas com seres inferiores, assim como o Exú as Pombas-Giras são entidades em evolução, que praticam a caridade para elevar seus conhecimentos. Enquanto encarnadas, podem ter sido mulheres à toa, vadias, prostitutas ou simplesmente mulheres que viviam da beleza ou do prazer.
São excelentes conselheiras sentimentais, ajudam nos relacionamentos e demais questões da vida. Como os exús, sua vibração é bem próxima da vibração do ser humano, e costumam dar ótimos conselhos, mas muitas vezes falam com tanta sinceridade e objetividade que pode chocar aqueles que buscam sua ajuda. Assim como as palavras do exú, devemos refletir e aprender com o conhecimento delas.
Vaidosas, costumam usar perfumes, joías e balangandans, beber champagne e soltar suas típicas gargalhadas. Trabalha, em sumo, na linha dos desejos, do encanto e da fascinação.

O Exú-Mirim
Ao contrário do mito, essas entidades não são crianças malvadas desencarnadas enquanto ainda jovens. Assim como a linha das crianças na direita, a linha de exú-mirim vem balancear as forças, criando o equilíbrio polar necessário na natureza. Já foram encontrados algumas entidades nesse arquétipo que eram "pigmeus".
Assim como as crianças, estes espíritos fazem parte do "encantado", e trabalham como os exús, somando as características ocultas das crianças.
Juntamente de exú e da pomba-gira, o exú-mirim completa a trindade na esquerda, trazendo o equilíbrio para as forças naturais, polarizando para que haja o equilíbrio entre direita e esquerda.